Rita Velosa




Rita Bernadete Sampaio Velosa – Poetisa, contista, cronista e trovadora Araraquarense. Formada em Jornalismo, em Letras, em Pedagogia e com Especialização em Língua Inglesa. Colaboradora em jornais paulistas cariocas gaúchos e mineiros e da Revista do “Clube dos Escritores de Piracicaba”(Conselho Acadêmico- Cadeira 58 e Delegada Regional do Clube). Delegada da UBT e Consulesa de Poetas Del Mundo por Américo Brasiliense/SP.Revisora do Livro “Buriti”- prêmio “Sol de Ouro”. Autora do livro “VENTOS PASSANTES”(CBJE/RG-2007) Primeira Secretaria da ONG – SOS Cerrado/GO. Membro Correspondente da Academia Cachoeirense de Letras/ES .Premiada em Academias e Editoras e presente em 33 antologias nos últimos anos.Publica textos eventualmente em vários sites da internet:

Poetas Del Mundo
Garganta da Serpente
Blocos

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Dúvida

Queria
poder
entender.
Saber
o porquê
da sensação
que vai...
que volta...
que fica
não sai;
que faz
do pensamento
tormento
fomento
de guerra
interior
entre dois
contendores
senhores
da forte
da fraca
indecisa
rasão.

Rita Velosa

Passagens

Aquele, que na vida só pensou,
padece, pois da vida só partiu;
relembra que na vida se perdeu,
percebe que na vida não agiu.
Aquele que na vida se dispersou,
por certo não viveu, só se espargiu.

Aquele que na vida só agiu,
aquele que na vida só chegou,
aquele que na vida não sonhou,
aquele que na vida não partiu,
aquele que em si não se perdeu,
por certo não viveu, só realizou.

Rita Velosa

A Lágrima

Aparece no rosto de alguém,
Sem se saber de onde vem.
Cresce, escurece a feição contraída,
Escorre pelo rosto traída.
Sensação quente e gelada,
De um pingo de água parada,
Nos olhos de quem não quer ver,
De quem não quer saber.
Porém...
A lágrima ali está,
Testemunha do que se tem no âmago,
Solta...
Sem que queiramos,
Aos outros mostrando o que somos.
A lágrima:
Um pingo de água salgada,
Uma gota do oceano do nosso ser,
Quebrando na praia dos olhos,
Escorrendo, às vezes, no rochedo de uma face.

Rita Velosa

A Televisão

Essa imagem maldita
Que não nos deixa a sós,
Essa imagem que diga.
Se nós não somos mais nós.
Essa imagem... não sei não...
É o nosso ópio maldito
É o nosso último abrigo
Diante da separação.
Essa imagem oportuna,
Que nos tira de sintonia,
Essa ladrazinha sutil...
TALVEZ SEJA UMA SOLUÇÃO!

Rita Velosa

Papo-Cabeça

Eu hoje aqui me sentei
Prá pichar os males do muno;
Prá falar da fome, do medo,
Dos crimes, das agressões,
Das incompreensões,
Das prisões,
Das organizações,
Das instituições,
Das perdições,
Das omissões,
Das prostituições,
Das doenças,
Das desavenças,
Das maledicências,
Das indecências,
Das incoerências,
Dos preconceitos,
Das injustiças,
Das ganâncias,
Das ignorâncias.
Mas, de repente...
Me lembrei
De Maomé,
De Confúcio,
De Cristo,
De Mao,
De Marx,
De Gandhi.
Então desisti.

Rita Velosa

Ah... Natureza!

Faz meses me abrigo nesse mundo de sonho e perfeição;
a cidade distante não me afeta;
a televisão não me prende,
as pessoas não me alcançam.
Sinto o verde, a chuva, o ar,
o arrulho dos pássaros ,
o calor e o crepitar do fogo.
Sinto na pele um frescor de igarapé,
um calor morno de sol de verão,
um tremor de vento de ocaso,
nos ossos e nos dentes.
E de repente fico triste,
pensando em perder essa terra,
esse ar, essas águas, essas luzes,
esses verdes multicolores,
esses espaços de mil e um amores...
Ah! Eu quero esse ar, essa chuva, essa luz,
esse cheiro de mato, esse cheiro de vida,
esse barulho de amor.
Ah, natureza!
Me leva.
me côa,
me engole toda!
Aos poucos...
que é para eu saborear!

Rita Velosa